sexta-feira, 3 de agosto de 2012

►Bel Ami – O Sedutor se esforça para construir uma trama arrebatadora sobre traição, poder e sedução

Baseado no romance homônimo de Guy de Maupassant e roteirizado por Rachel Bennette, Bel Ami – O Sedutor se esforça para construir uma trama arrebatadora sobre traição, poder e sedução, mas acaba prejudicado por uma série de ingredientes frágeis por natureza ou pessimamente empregados.

Ambientado na Paris dos cabarés e salões luxuosos do fim do século 19, em contraste com suas ruas repletas de miseráveis, o filme se centra em Georges Duroy (Robert Pattinson), ex-soldado semianalfabeto que retorna da Argélia e se vê incapaz de conseguir mais do que a própria sobrevivência, vivendo muito aquém de suas grandes ambições, pelas quais se dispõe a manipular as pessoas ao seu redor. De início, a construção do personagem realizada por Pattinson é correta: pobre, ele precisa conquistar a confiança dos poderosos ao seu alcance e, por isso, se porta de maneira contida (dando um constante e discreto sorriso com os lábios semicerrados) e aparentemente fragilizada (chegando a se autodenominar um “soldado sensível”).

Com o auxílio de seu companheiro de exército Charles Forestier (Philip Glenistter), é empregado em um jornal para escrever artigos sobre sua experiência no norte da África e, neste novo ambiente, se envolve em um projeto para derrubar o governo francês e assumir o poder. Todo o arco político, no entanto, é construído por meio de diálogos explicativos absolutamente desinteressantes, possibilitados por algumas das mais artificiais estratégias de roteiro: repare como, na mesa de jantar, Duroy pergunta a Clotilde (Christina Ricci, dona da melhor atuação do longa) se ela “não lê o jornal”, apenas para que ela responda negativamente e ele passe à explicação minuciosa dos fatos e planos.

Vale notar ainda que, embora o objetivo do personagem principal seja o poder (econômico, em especial), são seus relacionamentos os encarregados de impulsionar da trama adiante. Surge, aí, o principal defeito de Bel Ami: jamais desenvolver as relações humanas, tão importantes para moldar as políticas, de modo minimamente verossímil. O interesse de Duroy em se apresentar como uma figura sedutora é simplesmente incompatível com suas ações explícitas frente às pessoas que o cercam, em especial as mulheres com as quais se envolve.

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Nesse sentido, até mesmo as reviravoltas da trama soam frágeis. É difícil crer que a racional Madeleine (Uma Thurman) queira, em um momento posterior, se casar com o rapaz sabendo, desde o primeiro momento em que estiveram a sós, de seus graves desvios de caráter. Problema semelhante verifica-se na relação entre Duroy e Virginie (Kristin Scott Thomas, caricatural) – que pode até ter se apaixonado pelo jovem, sendo ele o único amante de sua vida, mas que age como uma criança, trazendo ares de comédia aos momentos supostamente mais tensos do longa.

Ainda pior é constatar que a exceção a essa tendência, Clotilde, acaba desperdiçada em uma série de idas e vindas do roteiro, que abre espaço a subtramas inócuas, como a relação entre Madeleine e o Conde de Vaudrec (Anthony Higgins), e a personagens desinteressantes e pouco memoráveis: é o caso, sobretudo, do ministro de Relações Exteriores (James Lance), que inicialmente estabelece um elo entre os jornalistas e o governo, mas que acaba, da maneira mais previsível e artificial possível, ocupando papel de “inimigo amoroso” de Duroy.

A instabilidade de Bel Ami não deriva apenas do roteiro (que, sendo justo, conta com bons diálogos e uma interessante produção de tensão). A tentativa de construir uma espécie de épico protagonizado por um anti-herói que abandona a pobreza rumo ao sucesso fracassa também graças à trilha sonora de Lakshman Joseph De Saram e Rachel Portman, que arrisca arroubos de grandiosidade em momentos inoportunos, sem se preocupar em acompanhar o tom do restante da narrativa.

Igualmente problemáticas são a direção de Declan Donnellan e Nick Ormerod e a fotografia de Stefano Falivene, bem distantes da louvável atenção aos detalhes presente na construção de cenários e figurinos e incapazes de estabelecer um padrão visual coerente com as pretensões do longa – Duroy, por exemplo, é enquadrado em planos alternados e com paletas distintas sem o menor critério aparente.

Para além de os problemas em sua construção, a onipresença de Pattinson em cena é também prejudicial ao resultado final por outro aspecto: o ator não consegue suportar toda a carga dramática (o protagonista trai, é traído, ascende, desaba, dança, ri e chora) e, apesar de sua boa aparição no primeiro ato e de se portar bem nas explosões de raiva do personagem, acaba se resumindo a duas ou três expressões faciais ao longo da projeção. No fim das contas, o que deveria ser um encerramento intenso, desafiador, se torna apenas o resultado da interação entre personagens rasos, cujos desfechos já estavam definidos desde seu primeiro encontro e cuja jornada é permeada por poucos elementos verdadeiramente atrativos.

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