quarta-feira, 26 de setembro de 2012

►On the Road - O Manuscrito Original de Jack Kerouac.



On the Road - O Livro

On the Road - O Manuscrito Original de Jack Kerouac. Lançado originalmente em 1957. Tradução de Eduardo Bueno e Lúcia Brito. Porto Alegre, RS. L&PM POCKET, 2011.


On the Road de Jack Kerouac, publicado em 1957, é um dos livros mais importantes e influentes da segunda metade do século passado. Dizer que ele abriu as portas para a contra-cultura e para a pós modernidade não é nenhum exagero, uma vez que ele tem sido frequentemente apontado como referência por algumas das personalidades mais importantes do mundo artístico nas últimas décadas. Pode-se dizer que ele inaugurou o protagonismo juvenil nas artes, protagonismo este que esteve em sintonia com a explosão do rock´n´roll nos anos 50, e serviu de impulso para o movimento hippie e a contra-cultura na década de  60 e para o movimento punk na de 70. A busca pela liberdade e por um sentindo maior para uma vida destituída de qualquer sentido é a principal tônica desta, que é a obra mais importante do escritor Jack Kerouac e da Geração Beat (à qual o autor teve o nome associado a contragosto).  livro são narradas as desventuras de personagens reais que estão inconformados com o establishment e que decidem viver de forma marginal (no sentido de estar à margem), de acordo com suas próprias leis e princípios.

Logo após sua publicação, o livro se tronaria o porta voz de uma juventude que começava a reivindicar seu lugar no mundo e na história, no entanto, há que se reconhecer que o passar do tempo lhe tirou um percentual significativo da periculosidade que ele representou quando foi lançado em meados da década de 50, naquela ocasião o mundo ainda não estava preparado para um debate aberto sobre sexo e qualquer abordagem sobre consumo de drogas ilícitas ainda era tido como um tema tabu na literatura. Se tivesse sido lançado nos dias de hoje, On the Road não teria talvez força alguma, pois seria tão somente uma história de jovens que pegam a estrada juntos, se drogam e fazem sexo de forma inconsequente. No entanto, seria um erro analisá-lo por esta ótica, pois antes de qualquer reflexão sobre ele e aquilo que ele representa é necessário que se faça a contextualização, ou seja, é preciso relacioná-lo á época na qual ele ele foi escrito e de que forma ele se relaciona com as leis, os princípios e moral que regiam a sociedade naquele período.



                                                     O autor Jack Kerouac



A história de On the Road é narrada através de um alucinado e aparentemente ininterrupto fluxo de recordações no qual, conforme reza a lenda, o autor Jack Kerouac teria mergulhado por algumas semanas sob o efeito de benzedrina (droga estimulante derivada da anfetamina). Todo a proza que compõe a obra foi digitada em uma grande rolo de papel, feito pelo próprio escritor, para não precisar de fazer pausas para trocar a folha na máquina de escrever e assim interromper o fluxo. A versão que li, que agora comento, reproduz o texto deste manuscrito original, sem as alterações que foram impostas pelos editores e com os personagens sendo identificados pelos seus nomes reais. A ausência de parágrafos e de qualquer tipo de pausa ou divisão no texto denota o ritmo que obra tem, o que por sua vez seria um resultado do processo de composição que acabei de comentar - Confesso que vi a ausência de 'quebras' no texto como um pequeno dificultador para a leitura, uma vez que estou acostumado a usar parágrafos e mudanças de capítulos para demarcar pausas.



                                               Kerouac e o manuscrito original.

A narrativa começa quando Jack, logo após a morte de seu pai, decide fazer uma viagem que deveria percorrer algumas partes do território americano junto com alguns de seus amigos. Kerouac deixara Nova York em julho de 1947, com uma mochila nas costas e cinquenta dólares no bolso, para encontrar com os companheiros em San Francisco. O plano inicial dele era chegar no meio oeste, curti bastante com sua turma, que já estaria lá, e logo após tentar conseguir emprego em algum navio cargueiro, esta seria para ele uma forma de ganhar dinheiro e de fazer uma viagem inesquecível pelo Pacífico...

A aventura marítima que tinha sido planejada nunca aconteceria, porém esta seria a viagem na qual Jack descobriria sua paixão pela estrada e por tudo aquilo que ela representava, da liberdade à possibilidade de inúmeras descobertas e experiências e isto fica evidente no fascínio com que ele descreve cada uma das pessoas com quem encontra e as experiência que ele vive junto com elas.



                                                      Jack Kerouac e Neal Cassady

Ainda que Kerouac seja o narrador e um dos 'personagens' mais importantes, o foco da trama está é em seu amigo Neal Cassady, sobre quem ele fala com entusiamo e admiração. Neal era um delinquente juvenil que havia passado uma boa parte de sua vida em um reformatório, ele possuía um temperamento instável, mas ao mesmo tempo cativante.

Ao se ver livre da instituição onde estivera recluso Neal decide recuperar o tempo perdido e tudo o que ele queria a partir de então era curtir a vida ao máximo. Curtição para ele era sinônimo de mulheres, drogas, bebop (gênero musical derivado do Jazz tradicional, porém bem mais nervoso) e, obviamente, a estrada. Cassady fora atraído pelos conhecimentos sobre literatura e filosofia que Jack e sua turma detinham e sua ingenuidade e  simplicidade, aliadas à sua paixão pela liberdade, cativaram Kerouac imediatamente, desta admiração mútua surgiria uma amizade forte e duradoura, mas potencialmente destrutiva para ambos.



                                                    Neal Cassady e Al Hinkle

Em suas andanças pelo território americano, Jack, Neal e seus amigos, dentre estes Luanne Henderson (namorada de Neal), Al Hinkle, Allen Ginsberg, Frank Jeffries e William S. Burroughs, vivem experiências que os transformam e os amadurecem, algumas vezes da pior maneira possível. O amadurecimento forçado pode ser notado na diferença em seus comportamentos e atitudes em cada um das cinco viagens descritas. A vida desregrada lhes traria inúmeros prazeres, mas também cobraria o seu preço, o que não era algo inesperado para nenhum dos que a abraçavam. Eles sabiam que estavam assumindo um alto risco, mas para eles a diversão valia a pena e o preço não era tão alto a ponto de os fazerem recuar.

Em meio a tantos pontos repreensíveis e até condenáveis observados no caráter e nas ações de cada um destes jovens impetuosos, acho que posso destacar como algo louvável a coragem que eles tiveram de bater de frente com o mundo e de se jogarem contra cada um dos obstáculos que suas respectivas vidas lhes impuseram, coragem esta que eu invejo



O manuscrito original do livro - ele esteve exposto no Museu das Letras e Manuscritos na França entre maio e agosto deste ano.

On the Road me fez refletir sobre minha própria inércia e acomodação, em diversos momentos da leitura ele conseguiu despertar em mim algo que eu já considerava morto, o desejo pelas pelas experiências autênticas, aquelas que são capazes de nos mostrar que ainda estamos de fato vivos...

Tendo ou não o impacto que tivera outrora, o livro continuará sendo um clássico e seus frutos, diretos e indiretos, bons ou ruins, continuarão aí ainda por muito tempo. As experiências vividas pelos 'personagens'  serviram como uma espécie de ensaio para a libertação sexual, o experimentalismo e a desobediência civil que caracterizariam as décadas seguintes e a proza simples e sem firulas de Kerouac apontaria novos caminhos para literatura, apresentando um modelo no qual a força da narrativa estava na experiência contada por ela e não nas palavras que a compunham (qualquer semelhança com os três acordes do punk rock ou até mesmo com as transformações que o cinema americano viveu na década de 70 não é mera coincidência).


De 1957 para cá, muitos jovens começaram seus anos de rebeldia com este livro em suas cabeceiras, dentre eles estava o músico Robert Allen Zimmerman, que, depois de seu primeiro contato com a obra, tomou coragem de abandonar a faculdade e ir tentar a sorte em Nova Iorque. Zimmerman adotaria o pseudônimo de Bob Dylan e faria a sua própria revolução no cenário cultural, mas esta é uma outra história... É de Dylan a citação presente na capa desta edição do livro, na qual ele afirma enfaticamente: "Este livro mudou minha vida" - Talvez On the Road não tenha mudado tão somente a vida do músico, talvez ele tenha mudado o mundo, coisa que Jack Kerouac jamais imaginaria quando escreveu um bilhete para a mãe, que estava no trabalho, e caiu fora em direção ao Pacífico no verão de 47....



Mapa das cinco viagens de Kerouac, que foram narradas por ele no livro
Neste ano, o livro ganhou sua primeira adaptação cinematográfica, que foi dirigida pelo brasileiro Walter Salles, o filme recebeu diversas críticas negativas pela sua suposta superficialidade, o que talvez seja o resultado da inegável dificuldade de adaptar uma obra com tantos 'personagens', cuja essência dificilmente poderia ser capturada com imagens...

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FONTE sublimeirrealidade  // POSTADO eternotwilight







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