domingo, 7 de julho de 2013

Fora de Foco - Branca de Neve surpreende ao ir às touradas espanholas


A famosa história de “Branca de Neve”, que já teve duas adaptações recentes – os filmes norte-americanos “Espelho, Espelho Meu” e “Branca de Neve e o Caçador” – ganha mais uma versão que passa longe do texto original e de sua leitura em animação para crianças, largamente popularizada pela Disney.

Trata-se de um filme espanhol, dirigido por Pablo Berger, que foi o grande vencedor do Prêmio Goya 2013, o Oscar espanhol. Foi premiado como Melhor Filme, Roteiro, Música e Figurino, além de render troféus para suas atrizes. Essa versão, inclusive, é a menos fiel de todas. Mas também a mais original e de maior densidade dramática.

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Para começar, porque o filme é mudo, não tem diálogos; tem intertítulos e uma trilha sonora admirável. É feito em preto e branco, com granulações, para remeter aos filmes do período silencioso do cinema. Sua ação se passa em Sevilha, nos anos 1920.

Todo mundo vai lembrar imediatamente de “O Artista’, o filme francês de Michel Hazanavicius, que ganhou o Oscar de 2012. É inevitável. Diz a produção espanhola que “Branca de Neve” já estava concebida assim desde 2004. É possível, pode haver sincronia em busca de algo, sem que uma ideia necessariamente seja copiada de outra. Isso também não importa tanto. Podem ser feitos muitos filmes com essas características, seja por nostalgia, desejo de recuperar algo que se foi ou se perdeu, seja por exercício de estilo, homenagem à história do cinema ou resgate de um meio de narrar que já foi tão eficiente e popular. Por que não?
A “Branca de Neve” espanhola, que de origem se chamava Carmen (claro!), ganhou esse apelido quando conheceu os anões toureiros e passou a apresentar-se junto com eles em todos os lugares, para escapar da madrasta má (e põe má nisso!), que queria matá-la a todo custo. Carmencita é filha de um toureiro famoso, que ficou incapacitado de mover mãos e pernas num sério acidente numa tourada. Mas teve tempo de ensinar à menina alguns truques importantes do ofício. E por aí a coisa vai.

O roteiro premiado com o Goya é mesmo muito interessante. A narrativa flui e amarra bem suas pontas, tornando palatável para adultos uma história de contos de fadas arquiconhecida, sem precisar apelar para o excesso de efeitos especiais e os exageros tão comuns às adaptações desse tipo, feitas por Hollywood.
A jovem Carmen/Branca de Neve é vivida pela atriz Macarena García, ótima. Maribel Verdu vai ainda além como a madrasta Encarna, levando as maldades ao extremo, como se isso pudesse existir. Ela chega até a nos convencer desse absurdo. A grande atriz Ángela Molina, por outro lado, faz Dona Concha, a avó acolhedora e terna, que simboliza a bondade. Aquela que faz tão bem à gente que, inevitavelmente, tem de acabar desaparecendo. “Não há bem que nunca acabe, nem mal que sempre dure”, o ditado popular serve como uma luva nessa história.

O filme não vai decepcionar quem for vê-lo, é muito bem realizado. Até quem já cansou de Branca de Neve, não aprecia cinema mudo e não gosta de touradas, é capaz de curtir.

Branca de Neve

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