Amat Escalante foi considerado o melhor diretor por "Heli"; o Grande Prêmio do Júri foi para "Inside Llewyn Davis", dos irmãos Coen; o de melhor ator para Bruce Dern, protagonista de "Nebraska", de Alexander Payne e, o de melhor atriz, para a franco-argentina Bérénice Bejo por "Le Passé", de Asghar Farhadi.
Mas o protagonista da noite foi mesmo "La vie d'Adèle", que recebeu um prêmio do qual os membros do júri insistiram em tirar qualquer conotação política, em um momento em que muitos países enfrentam a questão do casamento homoafetivo, entre eles a França, mas que reconheceram que transmite uma "mensagem forte e muito positiva".
Foi o que disse o presidente do júri, Steven Spielberg, durante a entrevista coletiva em que assegurou que suas decisões não se basearam em política e que os jurados se sentiram "privilegiados de ter sido convidados a presenciar essa profunda história de amor".
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Ao ser questionado sobre a possibilidade de o filme não estrear em seu país, afirmou: "Todos pensamos que era um filme de amor profundo, e que ser exibido ou não nos Estados Unidos não era um critério, mas sim que alguém tivesse tido a coragem de contar uma história da forma na que ele conta".
Protagonista, Adèle Exarchopoulos afirmou que "é um filme universal, é uma história de amor e não importa que seja entre mulheres, é uma história de sentimentos, de amor puro, e se, além disso, consegue mostrar a tolerância ao mundo todo, melhor".
Enquanto Kechiche manifestou seu desejo de que o filme seja exibido na Tunísia e dedicou o prêmio aos jovens que protagonizaram a revolução tunisiana, "por sua aspiração de viver com liberdade, expressar-se livremente e amar com liberdade plena".
A Palma de Ouro ofuscou uma lista de vencedores muito equilibrada, em que quase todas as apostas de favoritos se confirmaram, com exceção de "La grande bellezza", do italiano Paolo Sorrentino, e de Michael Douglas, considerado certo como melhor ator por sua interpretação em "Behind the Candelabra", de Steven Soderbergh.
Salvo essas ausências, as decisões do júri do qual também faziam parte Nicole Kidman, Christoph Waltz e Ang Lee, não surpreenderam, com a exceção do prêmio de melhor atriz, recebido pela franco-argentina Bérénice Bejo, bastante inesperado.
A atriz era a que parecia mais emocionada a subir ao palco para receber o prêmio. Chorou, se calou e, com voz embargada, agradeceu pelo reconhecimento por seu papel no filme do iraniano Asghar Farhadi, no qual interpreta uma mãe de família em uma complexa trama de relações pessoais.
Entre os homens, o prêmio foi para o veterano Bruce Dern, de 76 anos, protagonista de "Nebraska", de Alexander Payne, que recebeu o certificado em seu nome.
"Mandei uma mensagem dizendo que venceu, mas ele não me respondeu, mas tenho certeza de que sabe", afirmou Payne, que recebeu uma resposta ao vivo da filha do ator, a também atriz Laura Dern.
Bruce Dern foi reconhecido por um papel cheio de ternura, o de um homem com problemas de senilidade, que embarca em uma longa viagem pela estrada com seu filho.
Os irmãos Coen, Joel e Ethan, levaram o Grande Prêmio do Júri por "Inside Llewyn Davis", um relato sensível sobre o renascer da música folk americana nos anos 1960, protagonizada por um músico "perdedor", interpretado por Oscar Isaac, americano nascido na Guatemala, que recebeu o prêmio em nome dos produtores.
"Like Father, Like Son", do japonês Hirokazu Kore-Eda, outro dos grandes favoritos, precisou se conformar com o Prêmio do Júri por uma doce e forte história ao mesmo tempo, centrada na família, um de seus temas favoritos.
"Estava preocupado porque em Cannes foi a primeira vez que meu filme foi exibido. Não achei que ia a ser visto no mundo todo, é muito pessoal, falo sobre problemas familiares", explicou o diretor após receber o prêmio.
Eo prêmio de melhor roteiro foi para "Tian zhu ding" do chinês Jia Zhangke, também diretor, que mostra em seu filme a violência da sociedade de seu país pelo progresso acelerado que está vivendo e que fez um apelo pela "busca da liberdade".
O mexicano Amat Escalante, por sua vez, levou o prêmio de melhor diretor, que vai para o México pelo segundo ano consecutivo - em 2012 foi para Carlos Reygadas por "Post tenebras lux"-, pela desoladora história de "Heli", sobre a violência do narcotráfico, rodada com uma beleza árida e despida de qualquer artifício.
A relação encerra uma edição do prêmio francês que foi aberta com o comercial "O Grande Gatsby", mas que se encerra premiando o cinema engajado e independente.
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