Existem momentos difíceis em uma entrevista, no caso o oposto do previsto. Em vez de me encontrar com um ícone cauteloso da mídia, sensível a certas questões e pouco disponível, encontramos uma jovem despreocupada usando jeans e uma t-shirt da banda pop Blondie. Visivelmente atacada por um resfriado, com a voz nasal, mas sem deixar que isso afetasse seu discurso fluente e inteligente.
Bem-vinda!
Peço desculpas, mas estou muito gripada. Fiquei doente assim que cheguei a Cannes. Mas já estou bem melhor, obrigada.
Você já deve estar acostumada com toda essa loucura ao seu redor. Você gosta de dar entrevistas?
É diferente para cada filme, mas no fundo acho que completa o processo. E divirto-me cada vez mais. Para ser sincera, muitas vezes só penso em certas coisas quando me perguntam.
Foi um sonho tornado realidade ser convidada para On the Road?
Foi meu primeiro livro favorito. Eu tinha 14 ou 15 anos quando li. Em certo ponto, representou uma etapa da nossa vida em que escolhemos quem é nossa família e quem são nossos amigos. Celebra o fato de estabelecermos novos valores e prioridades na vida. Pode parecer óbvio dizer isso, mas a vida não é fácil.
O que sente agora com o fim da saga Twilight?
Não queria que acabasse. Mas vivi tantos anos na saga, que sinto até algum prazer em seguir em frente. Algumas vezes acontece o oposto: Nós estamos a cinco semanas fazendo o filme e queremos mais. No caso de Twilight, acho que fiz o melhor que pude e agora é hora de seguir em frente. Orgulho-me muito do que eu e meus colegas fizemos.
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Em termos emocionais, como definiria essa experiência?
É uma saga que me tocou profundamente. Nesse caso, não consigo escolher bem as palavras, pois foi tudo emocional demais. É algo que fica entre o coração e o estômago. É ao mesmo tempo algo espiritual e físico. Eu tive muita sorte, não foi nada planejado. Eu assumo os projetos porque sinto uma conexão emocional com eles. Em Snow White and the Huntsman, estou me mostrando ao mesmo tempo em que mantenho a credibilidade da franquia. Isso sem perder o crédito do cinema independente, como acontece agora com “On the Road”.
Você acha que é difícil manter uma posição entre a indústria e o lado de ser mais independente?
Não quero pertencer a uma indústria de entretenimento, nem quero cultivar algo para vender às pessoas. Nesse ponto, não me acho muito interessante. Minhas personagens são mais interessantes que eu.
Na verdade, as pessoas te acham muito interessante. Foi, aliás, por essa franquia que se tornou uma atriz muito reconhecida. Não se assunta quando te perseguem por causa de Twilight? O que sente nesses momentos?
A razão pela qual gosto do que faço é porque há uma energia que nos atravessa quando fazemos algo com alguém que amamos. Nós podemos estar sozinhos em um quarto e rir de algo engraçado, mas será completamente diferente se houver alguém no quarto conosco – e então iremos rolar de rir. Felizmente, eu estou em uma posição rara onde eu me sinto muito apreciada. Poder compartilhar isso com alguém é único. Ser capaz de ser menos íntimo com o público do que com o diretor ou com atores ou até mesmo em alguma entrevista. Seria louca se não me sentisse afetada pela possibilidade de partilhar esse sentimento com tanta gente.
Então, as pessoas que não tem limites definidos, não preocupam você…
Eu me foco muito mais nas pessoas que gostam de mim do que em pessoas que são mal-intencionadas. Ainda é uma loucura quando estou em promoção ou em algum set de filmagem. Para quem está de fora, é muito mais alucinante do que é na realidade. O segredo é andar sempre muito depressa. Mas por mim está tudo bem…
Com a loucura vinda da mídia na qual você é alvo, você sente que não tem liberdade para algumas coisas?
Na verdade, me sinto livro para fazer tudo o que me der na cabeça. Protejo-me um pouco, mas não me sinto privada de nada. É verdade que eu demorei até estabelecer meus limites. Muitas vezes eu sentia que estava longe do meu ideal. Não me sentia capaz de manter essa racionalidade. Mas nesse momento, sei exatamente o que eu quero dizer. E acho uma loucura quando as pessoas se acham tão interessantes que querem se vender. Há pessoas que vendem personalidades já prontas. Não sei como acreditam nisso. Eu nunca farei isso.
E você ainda é muito jovem para não se sentir sempre nas nuvens. Sobre isso, quem faz você se sentir que seus pés estão na terra?
Vocês, a imprensa… (risos)
(Risos) Sério? Está brincando!
É engraçado porque vocês acham que os atores não gostam de dar entrevistas. Algumas vezes, eu só penso em algo quando vocês fazem a pergunta. E isto é algo que não falo com mais ninguém, algo que só desenvolvo durante as entrevistas. Claro que tenho uma base afetiva, tenho uma família muito unida. Dizer que me apóiam muito vai soar clichê, mas é verdade.
Em que ponto é difícil de gerenciar a sua vida pessoal e a atenção da mídia sobre você e Robert? Vocês têm tempo um para o outro?
Como eu disse não me sinto privada de nada. Eu faço o que eu quero.
Mas nós temos a sensação de que a segurança que você falou não se tornou arrogante. Foi um processo difícil?
Não foi fácil. Foi um processo de aprendizagem testado na base do ensaio e erro. Comecei muito cedo, mas tentei aprofundá-lo em pleno set de Twilight. Agora que penso nisso, acho que aos 17 anos é um bocado cedo para começar a pensar em mim e analisar meus atos.
Você começou de fato muito cedo. Lembra-se de quando as experiências do cinema começaram a se tornar mais sérias?
No início, achava que era apenas um trabalho. Admirava os meus pais que eram fascinados por filmes. O que eu queria era que os adultos falassem comigo. Por isso, ia a sets de filmagens e queria que me dessem atenção.
Algum filme a ajudou na decisão de ser atriz?
Sim. A Woman Under the Influence, do John Cassavetes [1974].
Alguma vez já pensou o que você seria se não fosse atriz?
Não sei bem o que dizer. Acho que teria que voltar à escolha para perceber.
Qual a coisa mais preciosa de Twilight que você leva com você?
É difícil ser específica. Foram quatro anos da minha vida. Agora me pegou desprevenida… Todos os dias achava que eu ia fazer melhor do que o dia anterior. A verdade é que acabo sentindo isso em cada filme. No fundo, era também mais outro filme…
Acha que a ajudou a crescer? Como mulher, como ser humano?
Claro, ajudou-me em tudo o que eu fiz. Passei muito tempo lá, mas essas personagens permanecem conosco. Acho que alguns filmes me afetaram mais do que os outros, mas as minhas escolhas foram sempre tão gratificantes que é difícil de escolher uma.
Bruce Springsteen tem uma música chamada Born to Run, em que você tem que correr para, finalmente, ser capaz de andar no sol. Você gosta mais de correr ou caminhar no sol?
É realmente um tema perfeito para On the Road. Em algum momento, em nossa vida, temos que andar no sol. Nós não podemos ficar procurando algo permanentemente. É por isso que a vida deste homem insaciável que não podia andar no sol acaba, às vezes, de uma forma trágica. Felizmente, minha personagem viveu até 80 anos, teve quatro casamentos e uma filha bonita. Sim, eu acho que em algum momento, temos que sossegar… Embora, eu não sou velha o suficiente para responder com muita sabedoria a essa pergunta…
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