sexta-feira, 18 de abril de 2014

Map of the Stars Leva o Realizador Canadiano de Volta a Cannes

Cannes estreia um pesadelo de Hollywood assinado por David Cronenberg, Map to the Stars, que marca o regresso do realizador canadiano dois anos depois de Cosmopolis, também estreado no festival francês. Em Maps to the Stars, David Cronenberg filma Hollywood por trás do sonho, representado por uma família tipicamente disfuncional.



Muito do seu cinema tem os Estados Unidos como centro da acção, mas esta foi a primeira vez que filmou no país. Inevitavelmente, diríamos, ou não fosse Map of the Stars sobre aquele que é, simbolicamente, o mais americano dos lugares: Hollywood, terra dos sonhos. David Cronenberg, é dele que falamos, filma, porém, o sonho depois do sonho: apodrecido, cruel, neurótico.

Map of the Stars leva o realizador canadiano de volta a Cannes. Cosmopolis, o seu penúltimo filme, fora incluído na Competição à Palma de Ouro em 2012. Dois anos depois Map of the Stars repete o percurso (e a presença de Robert Pattinson, desta vez ao lado de Julianne Moore, John Cusack ou Mia Wasikovska). Será estreado a 21 de Maio, uma semana após o início do festival.

Map of the Stars segue o percurso de uma típica família de Hollywood, tipicamente disfuncional, formada por Stafford Weiss (John Cusack), psicoterapeuta que enriqueceu a publicar livros de auto-ajuda, a sua mulher, Cristina (Olivia Williams), manager do filho Benjie (Evan Bird), que aos treze anos já anda a entrar e sair de clinicas de desintoxicação. A irmã de Benjie, Agatha, é, por sua vez, uma pirómana condenada e recentemente libertada de um sanatório. Junte-se um aspirante a actor que, por agora, conduz uma limousine (Robert Pattinson enquanto Jerome Fontana), e uma actriz, Havana Segrand (Julianne Moore), assombrada pelo fantasma da mãe, uma estrela no seu tempo – e, pelo caminho, ainda aparece Carrie Fisher, a eterna Princesa Leia de Guerra das Estrelas, interpretando-se a si própria. O resultado? Cronenberg a assinar “uma espécie de sátira a Hollywodd”, como declarou o próprio à Indiewire em Janeiro de 2013. “É muito típico da escrita do [argumentista] Bruce Wagner. É como que a essência do Bruce condensada. E, sendo satírico, é também muito poderoso emotivamente, perceptivo e divertido”.

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Rodado entre o Canadá e Los Angeles, Maps of the Stars, parece indicar que o realizador de Crash ou A Mosca está a embarcar "numa nova era” em que se debruça sobre “a infelicidade e o tédio dos ricos e famosos com um distanciamento elíptico”, escreve o Guardian. Cosmopolis, produzido por Paulo Branco e adaptado do romance com o mesmo título de Don DeLillo, também mostrava Robert Pattinson dentro de uma limousine. Mas ali Pattinson era o bilionário especulador financeiro de 28 anos cuja viagem no carro luxuoso até ao barbeiro, que, como seria de esperar, se revela menos corriqueira que o esperado, ilustra o carácter predatório e o vazio moral do capitalismo selvagem. A recepção crítica não foi consensual, quer em Cannes, quer no pós-Cannes. Ainda assim, os históricos Cahiers du Cinema, por exemplo, elevaram-no a segundo lugar na sua lista de melhores filmes de 2012.

Maps to the Stars concorrerá à Palma de Ouro em Cannes com históricos de outras latitudes, como Jean-Luc Godard (Adieu au Language) ou os britânicos Ken Loach (Jimmy’s Hall) e Mike Leigh (Mr. Turner). A concurso estão igualmente um aspirante a clássico americano, Tommy Lee Jones (The Homesman), o muito jovem canadiano Xavier Dolan, que aos 25 anos se estreia em competição com Mommy, ou os celebrados irmãos Dardenne (Deux Jours, Une Nuit).

O Festival de Cannes tem início a 14 de Maio. Abre com Grace of Monaco, de Olivier Dahan, com Nicole Kidman no papel da atriz americana tornada princesa europeia.

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